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segunda-feira, 30 de maio de 2011
Como criar porcos
Porco
Além de carne, o animal fornece banha, couro e seus dejetos podem ser aplicados como adubo em lavouras
Texto João Mathias
Consultor Vitor Hugo Grings*
São poucos os que resistem a um leitão à pururuca regado a limão. Saboroso e crocante, é um dos pratos mais apreciados nas festas de fim de ano. A carne não oferece risco à saúde, como se pensava erroneamente até algumas décadas atrás. Ao contrário, é a mais consumida no mundo, à frente da carne bovina e do frango. Além de melhoramento genético e de novas técnicas, cuidados rígidos na criação ajudaram a acabar com o preconceito e a impulsionar o mercado. Como o manejo de suínos pode ser realizado por fases, a atividade oferece boas oportunidades, mesmo aos interessados em pequenos criatórios.
Antes de tudo, é importante ter claro o objetivo da criação. Se for apenas para subsistência, bastam poucos animais. Os porquinhos podem ser adquiridos de alguma propriedade por perto. Nesse caso, o investimento é baixo e, após alguma adaptação, as estruturas existentes no local podem ser aproveitadas. Contudo, recomenda-se que as instalações estejam localizadas com orientação leste-oeste em relação ao sol. Se a opção for pela produção de leitões para abate ou engorda, a partir de matrizes da propriedade, as exigências aumentam. Mesmo que seja em pequena escala, a atividade requer cuidados semelhantes ao de uma criação comercial. Também é indicado que a criação esteja próxima de centros consumidores de médio a grande porte, inclusive que disponham de abatedouros.
Apesar de não gostarem de temperatura e umidade do ar elevadas, os suínos se adaptam a qualquer clima tomados os devidos cuidados. Em lugares frios, recomenda-se o uso de cortinas, enquanto em locais quentes deve-se contar com ventilação. Embora predomine na Região Sul, a suinocultura está em vários estados brasileiros. Entre as raças brasileiras, a piau e a moura apresentam melhor potencial de desempenho. As estrangeiras vêm da Europa, como a dinamarquesa landrace, as inglesas large white e wessex e a belga pietrain, e dos Estados Unidos, como a hampshire e a duroc. As raças puras são usadas pelas empresas de melhoramento genético para a produção de reprodutores. Para criação de qualquer porte, uma das mais indicadas é a F1, resultado do cruzamento da landrace com a large white. Segundo a Embrapa Suínos e Aves, a MS 115 fornecida pela própria instituição possui alto desempenho e custo acessível.
RAIO X
CRIAÇÃO MÍNIMA: dez a 12 matrizes para pequena escala de produção comercial
CUSTO DE PRODUÇÃO: varia de 1,96 real por quilo vivo em Mato Grosso do Sul a 3,73 reais no Ceará
RETORNO: com a venda de leitões, de 7 a 8 meses após a aquisição das leitoas; com a de animais terminados, leva cerca de um ano
REPRODUÇÃO: de 20 a 22 leitões por porca por ano em raças melhoradas
MÃOS À OBRA
INÍCIO - escolha suínos de boa qualidade genética, pois são mais produtivos e bem aceitos no mercado. Verifique se são livres de doenças. Para não errar, procure um produtor de confiança, de granja com certificado do Mapa - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O número de animais para iniciar depende do tipo de criação e do mercado consumidor.
AMBIENTE - locais longe de outras criações são mais indicados para o bem-estar dos suínos. O terreno deve ter área plana ou com um pouco de declive. Nas instalações, opte por piso de concreto sem que seja muito liso nem muito áspero. No entorno, mantenha um gramado aparado. De preferência, os galpões devem estar a leste-oeste, posição que permite melhor ventilação e menos incidência de raios solares. Com o auxílio de um termômetro, assegure a temperatura interna em 16 graus.
CUIDADOS - a área de criação deve estar sempre limpa. Evite o acúmulo de esterco. Além de lavar as instalações, há produtores que também utilizam lança-chamas para desinfetar o local. O bom controle do manejo é outro meio de obter animais com carne de qualidade. Caso haja algum problema, não hesite em chamar um veterinário. Acompanhe o programa de aplicação de vacinas da secretaria de agricultura da região.
ALIMENTAÇÃO - os suínos gostam de comer grãos, como milho e soja. Outros alimentos também podem ser fornecidos, exceto os fibrosos. Compradas em lojas agropecuárias, as rações balanceadas devem acompanhar cada fase de vida dos animais, pois contêm formulações adequadas para as necessidades diárias de ingredientes para as diferentes etapas de desenvolvimento. Limpe os comedouros diariamente para evitar a fermentação de restos, que podem provocar diarréia nos suínos.
REPRODUÇÃO - as leitoas devem chegar à propriedade com cerca de 5 meses para passarem por um período de adaptação na granja antes da cobertura. Em raças melhoradas, como a F1, a maturidade sexual ocorre a partir dos 150 dias de vida, mas o ideal é cobrir as fêmeas depois de atingirem 210 dias, quando ocorre o terceiro cio. É importante manter o contato de machos e leitoas por 10 minutos diariamente para estimular o cio. A gestação leva 114 dias e raças de boa qualidade produzem cerca de 11 leitões por parto, duas vezes ao ano. Leitões que mamam o colostro rapidamente aumentam as chances de sobrevivência. O desmame deve ser feito aos 28 dias e, em seguida, forneça ração pré-inicial de alta qualidade.
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